sábado, 18 de maio de 2013

Meu retrato, meu tempo.


Será que vale a pena escrever algo, porquê, será mesmo que alguém aqui tem tempo para ler e entender?
O que realmente é seu, e até que ponto algo realmente te pertence.
Não, nesta vida nada nos pertence, temos coisas, objetos e até mesmo pessoas, que por pouco tempo, ou muito, temos a certa impressão que é nosso.
Mas não é, nada é nosso....
Nem mesmo a vida que vivemos é nossa realmente, ela pode ser tirada, ou esgotada..
A única que realmente temos é: TEMPO! E ele passa muito rápido.
Eu tenho tantas coisas para dizer, tenho tantas coisas que escrevi ao longo dos meus 32anos, e queria partilhar, publicar e não tenho mais tempo, de parar digitar e publicar.
Trabalho a quase 10 anos na mesma empresa, onde fiz grandes coisas, Deus sabe o quanto fiz, e me sinto um vencedor, mesmo que ninguém assim o saiba.
Eu fiz grandes coisas na vida de outras pessoas, consegui que elas parassem e ainda parem o seu tempo, para ouvir, assistir e acompanhar o meu trabalho indireto, que somente é possível através de minhas ações, e elas nem sabem disso.
Deixei de viver, de ver coisas que a mim seriam devidas e muito próximas, família, amigos, relacionamentos....
Deixei de viver aquilo que seria o meu destino, para cuidar que “as etapas, os processos, as metas e os objetivos” de outra pessoa fosse atingido, dando a segurança da sua realização, e hoje isso foi multiplicado pois diretamente mais de 75 milhões de pessoas que nem sabem que existo, dependem da minha abdicação de tempo, para que o tempo que eles organizaram,  seja efetivado, seja alcançado.
Para que a vida de um seja satisfatória é necessário pouco, para que a vida de milhões de pessoas seja satisfatória, é preciso o sacrifício de ao menos uma pessoa, o sacrifício da sua vida inteira.
Este sacrifício sou eu, não é a minha vida, mas foi o meu tempo que foi sacrificado.
Esqueci, ou fingi que eu não precisaria de atenção, de amor, de carinho.
“Eu resolvo, eu faço, eu sempre disse e ainda digo, e as pessoas ao meu lado sempre dizem: - “Ele faz, ele resolve, ele consegue, elas vão para o seu tempo, sem se preocupar, pois novamente repetem....... – “Não se preocupe, ele sempre consegue fazer, ninguém sabe como, mas deixa que ele resolve”.
E assim eu não tive mais tempo, hoje por incrível me olhei no espelho, porém percebi que a imagem que eu via era a minha, e não “O tempo que dedicava”, me olhei com saudades, e com muitas lembranças.....  Reparei nas rugas que ganhei e não as percebi antes, os sinais mais fixos e firmes na pele, as cicatrizes evidentes, das cirurgias e acidentes que o excesso de trabalho me presentearam, lembrei que tenho um coração, que precisa de algo a mais, de amor.
Percebi o quanto sou pequeno, e que preciso de um abraço as vezes, um elogio, o quanto preciso ser ouvir uma frase inteira de interesse por mim, e não pontuações sobre o meu trabalho, comparações e exortações de serviços e assimilares que acontecem no Brasil e no mundo, e que tendem a desenvolver em mim, uma vontade de fazer melhor...
Enfim, hoje, ao menos hoje eu preciso que o tempo seja meu, e de mais ninguém.
Geizom Sokacheski, maio de 2013.

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