O conhecimento humano começa pelos sentidos e, para chegar a conhecer as coisas que os ultrapassam, temos de utilizar imagens, símbolos ou comparações, que desvelam um pouco o desconhecido. Deus procedeu conosco do mesmo modo, instituindo os sinais sensíveis que chamamos de sacramentos, para expressar as realidades sobrenaturais da graça. Mas a onipotência divina faz mais do que nós podemos fazer. Deus concedeu a estes sinais sensíveis SIGNIFICAR e PRODUZIR a graça. Para entender melhor o efeito dos sacramentos podemos compará-los com a vida natural, vendo que na ordem da graça:
Batismo, Confissão, Comunhão, Crisma, Ordem, Matrimonio, Unção dos Enfermos
nascemos para a vida sobrenatural pelo Batismo,
nos fortalecemos pela Confirmação,
mantemos a vida com o alimento da Eucaristia,
se perdemos a vida da graça pelo pecado, a recuperamos pela Penitência ( confissão),
e com a Unção dos Enfermos nos preparamos para a viagem que acabará no céu.
Para socorrer as necessidades da Igreja como sociedade, temos o sacramento da:
Ordem sacerdotal, que institui os ministros da Igreja,
Matrimônio, que com os filhos perpetua a sociedade humana e faz crescer a Igreja quando estes são regenerados pelo batismo.
1. O que são os sacramentos
Os sacramentos são sinais sensíveis e eficazes da graça, instituídos por Jesus Cristo e confiados à Igreja, através dos quais nos é dispensada a vida divina. Sinal sensível é uma coisa conhecida que manifesta outra menos conhecida; se vejo fumaça, descubro que existe fogo. Mas dizemos também sinal eficaz porque o sacramento não só significa, mas que produz a graça (a fumaça só significa fogo, mas não o produz).
2. O porque da instituição dos sacramentos
Podemos nos perguntar por que Cristo quis fazer assim as coisas. Ele pode comunicar a graça diretamente, sem recorrer a nenhum meio sensível, ainda que tenha querido acomodar-se a nossa maneira de ser, dando-nos os dons divinos por meio de realidades materiais que usamos, para que fosse mais fácil para nós consegui-los. No batismo, por exemplo, assim como a água purifica naturalmente, o sacramento purifica: o sacramento lava e limpa sobrenaturalmente a alma, tirando o pecado original e qualquer outro pecado que possa existir, mediante a infusão da graça. Esta foi a pedagogia de Cristo durante sua vida pública, servindo-se de coisas naturais, de ações externas e de palavras. Tocou com sua mão o leproso e lhe disse; "Quero, fica limpo" (Mateus 8,3); untou com barro os olhos do cego de nascimento e ele recuperou a vista (cf. João 9,6-7); para comunicar aos Apóstolos o poder de perdoar os pecados, soprou sobre eles e pronunciou umas palavras (cf. João 20,22). Assim como a Santíssima Humanidade de Cristo é o instrumento único à Divindade de que se serve o Verbo para realizar a Redenção da humanidade, assim as coisas ou ações dos sacramentos são os instrumentos separados pelos quais Deus nos santifica, acomodando-se a nossa maneira de ser e de entender.
3. Jesus Cristo instituiu os sete sacramentos
Todos os sacramentos foram instituídos por Jesus Cristo -que é o autor da graça e pode comunica-la por meio de sinais sensíveis- e eles são sete: Batismo, Confirmação, Eucaristia, Penitência, Unção dos Enfermos, Ordem e Matrimônio. Nos sete sacramentos estão atendidas todas as necessidades da vida sobrenatural do cristão.
4. Os sacramentos da Igreja
Cristo confiou os sacramentos a sua Igreja, e podemos dizer que são "da Igreja" em um duplo sentido: a Igreja faz ou administra ou celebra os sacramentos, e os sacramentos constroem a Igreja (o batismo gera novos filhos da Igreja, etc..). Existem, pois, por ela e para ela.
5. Os sacramentos da fé
Os sacramentos estão ordenados à santificação dos homens, à edificação do Corpo de Cristo e, em definitivo, a dar culto a Deus, mas como sinais, tem também uma finalidade instrutiva. Não só supõem a fé, também a fortalecem, a alimentam e a expressam com palavras e ações; por isso são chamados sacramentos da fé.
6. Efeitos dos sacramentos
Os sacramentos, se são recebidos com as disposições requeridas, produzem como fruto:
Graça santificante. Os sacramentos dão ou aumentam a graça santificante. O batismo e a penitência dão a graça; os outros cinco aumentam a graça santificante e só se devem recebe-los estando na graça de Deus. Aquele que os recebe em pecado mortal comete pecado de sacrilégio.
Graça sacramental. Além da graça santificante que concedem os sacramentos, cada um outorga algo especial que chamamos graça sacramental. É um direito de receber de Deus, no momento oportuno, a ajuda necessária para cumprir as obrigações contraídas ao receber aquele sacramento. Assim, o batismo dá a graça especial para viver como bons filhos de Deus; a confirmação concede a força e o valor para confessar e defender a fé até a morte, se for preciso; o matrimonio, para que os cônjuges sejam bons esposos e eduquem de forma cristã os filhos; etc..
Caráter. O batismo, confirmação e ordem sacerdotal concedem, além disso, o caráter, que é um sinal espiritual e indelével que confere uma peculiar participação no sacerdócio de Cristo. Por isso, estes sacramentos só se recebem uma única vez.
7. De que se compõe um sacramento
Um sacramento se compõe de matéria, forma e o ministro que o realiza com a intenção de fazer o que faz a Igreja.
A matéria é a realidade ou ação sensível, como a água natural no batismo, os atos do penitente na confissão (contrição, confissão e satisfação).
A forma são as palavras que, ao faze-lo, se pronunciam.
O ministro é a pessoa que faz ou administra o sacramento.
8. Diversidade de sacramentos
Seguindo a analogia entre vida natural e etapas da vida sobrenatural, podem-se distinguir nos sacramentos, três grupos distintos:
a) Sacramentos da iniciação cristã: Batismo, Confirmação e Eucaristia, que põem os fundamentos da vida cristã e comunicam a vida nova em Cristo;
b) Sacramentos de cura: Penitência e Unção dos Enfermos, que curam o pecado e as feridas da nossa debilidade;
c) Sacramentos a serviço da comunidade: Ordem sacerdotal e Matrimônio, estabelecidos para socorrer as necessidades da comunidade cristã e da sociedade humana.
Os sacramentos formam um organismo no qual cada um deles tem sua função vital. A Eucaristia ocupa um lugar único, enquanto "sacramento dos sacramentos". Podemos dizer com Santo Tomás de Aquino que "todos os outros sacramentos estão ordenados para a Eucaristia como seu fim".
9. Os sacramentos são necessários para a salvação
Os sacramentos não só são importantes, mas necessários, se queremos viver a vida cristã e aumenta-la em nós. São como os canais que conduzem a água, e, neste caso, trazem para a nossa alma a graça da redenção de Cristo na cruz. E são necessárias também as nossas disposições para receber -ou receber com maior abundância- a água limpa da graça. Dão sempre a graça se são recebidos com as devidas disposições, e se não se recebe mais graça, não é por culpa do sacramento, mas por falta de melhor preparação. É preciso aproximar-se, portanto, para receber os sacramentos, com a melhor disposição possível, para podermos receber a graça com abundância.
10. Propósitos de vida cristã
Agradecer ao Senhor a instituição dos sete sacramentos e demonstrar a estima por eles, preparando-se muito bem para recebe-los.
Receber com freqüência os sacramentos da Penitência e da Eucaristia
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